18.6.10

Oito milhões de nordestinos serão vítimas da transposição; evento em CG vai discutir tema


Representantes dos cinco estados nordestinos envolvidos na transposição do Velho Chico participarão do evento

Imagine uma promessa de prosperidade transformada em pesadelo. Agora multiplique esse sonho mau por um coletivo de oito milhões de nordestinos. Esse é o cenário que será apresentado por especialistas, pesquisadores, famílias vitimadas e sertanejos apreensivos sobre a falsa bonança nesta quinta-feira (17/6), em Campina Grande, quando tem início o Encontro de Atingidos e Atingidas pelo Projeto de Transposição do Rio São Francisco . O evento, pioneiro no Nordeste, acontece até o próximo sábado (19) e causa impacto porque vai além das projeções aparentemente pessimistas dos estudiosos para expor casos reais de nordestinos que já provaram o efeito nocivo da obra encampada pelo governo federal.

Na programação do evento, que será realizado na Casa de Encontro São Clemente, no bairro de Bodocongó, estão lançamentos de livro e projeção de vídeo, discussões sobre o tema, relatos de quem viveu de perto a decepção dos primeiros quilômetros de transposição, apresentação de quesitos técnicos, ato público e homenagens. Tudo permeado por questões essenciais nesse fórum polêmico e necessário: as águas do São Francisco serão mesmo a solução da seca no semi-árido nordestino? A transposição vai beneficiar famílias que têm sede e precisam de água para sobreviver ou prioritariamente as plantações e seus grandes proprietários? Não seria mais eficiente e barato investir em soluções como reflorestamento e limpeza dos rios? Falta mesmo água ou falta melhor distribuição desse bem?

Aos cerca de cem participantes aguardados para o Encontro de Atingidos e Atingidas pelo Projeto de Transposição do Rio São Francisco somam-se entidades e grupos sociais que representam milhares e estão dispostos a listar argumentos contrários à chamada “obra faraônica” do governo federal. Entre eles estão o Banco Mundial, que alerta sobre a “orientação comercial” do projeto; a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que classificou a transposição como inconstitucional; o Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA), que acredita no direcionamento do projeto para o agronegócio e não para o desenvolvimento sustentável do semi-árido; da Sociedade Brasileira de Limnologia, que aponta insuficiência de dados sobre o impacto da transposição na ecologia das águas; e ainda a ASA (Articulação do Semi-Árido), que congrega mais de 700 organizações da sociedade civil e defende soluções mais simples, viáveis e eficientes para resolver problemas de má gestão da água no Nordeste brasileiro.

Representantes dos cinco estados nordestinos envolvidos na transposição do Velho Chico participarão do evento. Entre os convidados estão a promotora baiana Luciana Khoury, que falará sobre os aspectos jurídicos do projeto e a atuação do Ministério Público; Rubens Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Bahia; Gilberto Queiroz, biólogo e Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento; o engenheiro agrônomo João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, de Pernambuco; além de sertanejos do Ceará e Rio Grande do Norte para contar suas experiências e expectativas com a chegada das águas do principal rio do Nordeste.

O Encontro de Atingidos/as pelo Projeto de Transposição do Rio São Francisco é uma realização da Frente Paraibana em Defesa da Terra, das Águas e dos Povos do Nordeste; da Frente Cearense por uma Nova Cultura da Água e Contra a Transposição do Rio São Francisco; e da Ação Popular pela Revitalização do São Francisco.

2.6.10

TRANSPOSIÇÃO E TRANSNORDESTINA PODEM DESTRUIR IGREJA E ESCOLA EM COMUNIDADE QUILOMBOLA



Aigreja do povoado Carvalho, em Custódia-PE, construída por escravos libertos, vai ser demolida pelas obras da Transposição. Uma escola que fica ao lado da Igreja também será destruída para dar caminho ao que os moradores chamam de “desgraças do governo”.

Numa carta comovente, os moradores de Carvalho contam que a obra da Transposição do Rio São Francisco vai destruir um antigo patrimônio quilombola: uma pequena Igreja que foi construída pelos escravos libertos que ali se instalaram.

Localizada há 10 km do centro de Custódia, sede do município, Carvalho já conseguiu o reconhecimento como Comunidade Quilombola pela Fundação Cultural Palmares, desde 16/05/2007, conforme Diário Oficial da União. O reconhecimento, no entanto, não foi seguido do processo de demarcação e titulação do território.

O atraso na demarcação e titulação da terra é mais um empecilho para a permanência da Igreja. “A capelinha não é propriedade da Igreja, é particular e pertence ao proprietário da fazenda”, explica o padre Roberto, pároco de Custódia.

O antigo proprietário das terras já foi indenizado, mas a comunidade resiste e propõe que o curso das obras seja desviado para impedir a destruição da igreja e da escola.

Dona Cícera, moradora antiga da comunidade, conta com remorso a situação, diz que seus netos estudam naquela escola. “Tem gente que quer que derrube, mas que construa primeiro outra igreja e outra escola. Tem gente que quer que não derrube de jeito nenhum. Edvaldo (presidente da Associação) é um dos que correm para que as coisas aconteçam da maneira certa”, explica.

Preços inflacionados

Os lotes 03 e 04 do trecho de 133 km da Transnordestina, que ligará Serra Talhada a Arcoverde, está previsto para ser entregue em dezembro de 2011. Além do descontentamento causado no povoado de Custódia, outros transtornos começam a ser causados na localidade.

Quem for visitar a região terá dificuldades para hospedagem. A empreiteira Odebrecht tem locado todos os hotéis de Serra Talhada. Empresas responsáveis pelas obras da Transnordestina e da Transposição têm locado outros hotéis da região. A super-lotação dos lugares de hospedagem tem inflacionado o preço das diárias .



DENIS VENCESLAU Comissão Pastoral da Terra – Pernambuco

6.5.10

Trabalhadores rurais atingidos pela Transposição protestam contra as obras

Mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras rurais do assentamento Serra Negra e região vizinha, no município de Floresta (PE), realizaram uma manifestação na manhã do dia 5 de maio, no lote 9 do canal da Transposição do Rio São Francisco. Eles protestaram contra a situação das famílias do assentamento e da comunidade local que estão sendo diretamente atingidas pelas obras do empreendimento.

Durante a manifestação, os agricultores paralisaram os tratores e demais transportes das construtoras Camter e Egisa, responsáveis pelas obras no lote. A manifestação que contou com o apoio da Diocese de Floresta e de integrantes do Movimento dos Sem Terra, suspendeu o trabalho de cerca de 200 homens, que estavam em pleno serviço na ocasião.

A paralisação gerou ameaças por parte do engenheiro responsável pela obra, Daniel, que prometeu demitir no dia seguinte todos os trabalhadores que interromperam as atividades. Apesar da intimidação, o próprio engenheiro admitiu que se o Governo Federal não repassar os recursos, que estão atrasados, até o dia 30 de maio, a empreiteira também desistirá das obras.

Na ocasião, foram chamados ao local a Polícia Militar e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) com o objetivo de impedirem o ato.

Situação das famílias
A passagem das obras do canal pelo assentamento deixará um rastro de transtornos e destruição. Três casas de famílias assentadas, juntamente com o açude que abastece a comunidade serão derrubados. O Posto de Saúde da Família (PSF), que atende mensalmente mais de 400 pessoas na região, está também entre os prédios que serão demolidos.

Segundo Sandreildon José dos Santos, do assentamento Ramada da Quixabeira, em Iguaracy (PE), as famílias estão indignadas com a situação, já que a pressão é muito forte para que os agricultores desocupem logo a área. “Os trabalhadores que terão que sair de suas casas irão para onde? Todos eles estão vendo a hora de terem as suas moradias derrubadas e ficarem sem lugar para onde ir”. Ele diz também que falta garantia às famílias. “As indenizações que foram oferecidas não dão nem para construir novas casas”.

A situação tem se agravado, principalmente, porque há uma grande pressão para que o Posto seja destruído de imediato para dar continuidade às obras. “São 500 famílias atendidas mensalmente pelo Posto da Saúde da Família que ficarão sem o serviço”, reclama Sandreildon.

Na manifestação, os agricultores e agricultoras cobraram do Ministério de Integração Nacional e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a construção imediata de um novo PSF na região, antes que o atual seja destruído. Os agricultores exigiram também uma solução para o açude que abastece a comunidade local e será destruído e o pagamento de indenizações mais justas para a Casa do Mel, onde trabalham os apicultores do assentamento e das casas e parcelas que serão destruídas pela Transposição.

O desbloqueio imediato dos créditos do assentamento, retidos desde o ano de 2004, a regularização fundiária nas áreas atingidas pelo canal da transposição e a diminuição da poeira excessiva ocasionada pelas obras do Projeto de Transposição na escola do assentamento, também foram incluídos na pauta de reivindicações.

Os agricultores presentes na manifestação conseguiram agendar para o dia 6 de maio, uma audiência pública entre os assentados atingidos pelas obras da transposição e representantes do Ministério da Integração Nacional para discutir e encaminhar a pauta de reivindicações.

DENIS VENCESLAU
CPT Pajeú (PE)

23.4.10

UM GRITO DE DENÚNCIA, UMA NOTA CONTRA A VIOLÊNCIA: JUSTIÇA AO COMPANHEIRO JOSÉ MARIA FILHO

Um crime provoca indignação e perplexidade: o assassinato de Zé Maria, 44 anos, ocorrido neste dia 21 de abril de 2010. Ele era presidente da Associação Comunitária São João do Tomé, presidente da Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra – Chapada do Apodi, liderança do movimento social – filho da comunidade do Sítio Tomé - Limoeiro do Norte – CE,. As razões do assassinato se encontram no bojo dos conflitos provocados pela presença do agrohidronegócio, instalado em meados da década de 1990 na região jaguaribana. Esses conflitos trouxeram uma realidade de profundas injustiças sociais para a nossa região. A comunidade de Tomé bem como outras que se localizam na Chapada do Apodi sofrem o descaso e o desrespeito dos órgãos públicos e a irresponsabilidade das grandes empresas que se fixaram na Chapada e que atentam contra o meio ambiente e a saúde da coletividade.

Desde o início, Zé Maria se envolveu nas diferentes lutas contra essas injustiças, estando presente no Grito dos Excluídos, no Fórum Regional e seminários contra os Agrotóxicos, discutindo a problemática do uso da água. Sua voz ecoou em todo o Vale do Jaguaribe através das emissoras de rádio denunciando as violações dos direitos humanos que vitimam as comunidades da Chapada do Apodi.

Sua solidariedade inconteste o impulsionava ao debate e a denúncia cotidiana. Assumindo a defesa dos interesses coletivos, o bravo companheiro levou a todos os locais e momentos significativos das lutas os problemas dos trabalhadores rurais sem terra da Chapada do Apodí, as angústias e incertezas de centenas de famílias que recebem água contaminada e os infortúnios de dezenas de famílias que moram em casa de taipa na Comunidade do Tomé.

Este envolvimento o fez vítima. Vítima de quem? De que? Vítima dos conflitos (terra, água, agrotóxico) gerados pelo modelo de desenvolvimento do agrohidronegócio e, também, da inoperância e da negligência dos poderes públicos em solucionar esses conflitos.

Nos capítulos de nossa história muitos foram os/as companheiros/as que tombaram vítimas da expansão do agronegócio, da ganância desenfreada dos senhores do capital e da virulência social dos poderosos. Dentre eles/elas podemos citar o ecossocialista Chico Mendes, Pe. Josimo defensor da reforma agrária, a sindicalista Margarida Alves e a missionária Ir. Dorothy Stang.

Seja com o seu exemplo de vida, seja na forma como lhe ceifaram a vida, Zé Maria assemelha-se a todos/as eles/as. E assim como a luta e a memória dos bravos lutadores não foram apagadas com a violência perpetrada por seus assassinos, também não serão esquecidos os teus gritos contra o agrotóxico, a tua defesa pela vida. É na Campanha da Fraternidade deste ano de 2010 que nos inspiramos para continuar a defesa dos direitos humanos, atentando para o ensinamento de Jesus: Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro ( Mt. 6, 24).

É com essa determinação que os movimentos e instituições que assinam esta nota vêm a público se solidarizar com a família do companheiro e com toda a Comunidade do Sítio Tomé, repudiar todas as formas de violência, exigir a apuração rigorosa do crime e a punição dos culpados.




Limoeiro do Norte, 21 de abril de 2010.



CÁRITAS DIOCESANA DE LIMOEIRO DO NORTE
NÚCLEO TRAMAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
RENAPE – REDE NACIONAL DE ADVOGADO POPULAR
MAB – MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGEM
CPT – COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – DIOCESE DE L. DO NORTE
PASTORAIS SOCIAIS – DIOCESE DE LIMOEIRO DO NORTE
MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES SEM-TERRA
FAFIDAM – FACULDADE DE FILOSOFIA DOM AURELIANO MATOS

25.2.10

Em Sertânia, famílias aguardam insatisfeitas as parcas indenizações

No povoado Valdemar Siqueira, no município de Sertânia, em Pernambuco, transeuntes costumam ser barrados por um fiscal do consórcio que está responsável pela Construção de um dos canais da Transposição do rio São Francisco. O motivo são as explosões das obras, que acontecem em horários marcados.

Entre os carros parados estava o de uma das empresas terceirizadas da obra. O funcionário, motorista da caçamba, relata que há pouco tempo trabalhou para EIT na Transnordestina, a farda da empresa citada ainda estava sendo usada por ele. Depois trabalhou nas rodovias de Ingazeira e agora estava nas obras da Transposição. Em tão pouco tempo já passara por várias obras e várias empresas como um empregado temporário. Após meia hora de espera sob o forte sol do sertão, a passagem foi liberada.

Em Rio da Barra mora D. Laurinda, que morava de aluguel no povoado e estava a espera de receber a indenização de suas terras. Angustiada ela nos disse que se arrependia de ter saído de sua casa. “Se antes tivesse alguém que me apoiasse não teria saído, teriam que me colocar pra fora a força, e o exército teria coragem de fazer isso, não respeita ninguém”. Dona Laurinda morava no sítio Chique-Chique, uma das comunidades atingidas pelo projeto. Da comunidade Chique-Chique apenas três famílias receberam indenização.

Antônio Velho está entre eles. Com o dinheiro comprou uma casa no povoado Rio da Barra, mas deseja vender o imóvel e partir pra morar em Custódia. No momento espera receber outra parte das terras do irmão dele que faleceu.

Seu Pedro Serafim, conhecido como Pedro Ruim, com muito ânimo nos falou que estava esperando a indenização e que tinha conseguido uma mulher. Alugou uma casa em Monteiro (PB) e espera a indenização para comprar uma casa por lá e colocar uma loja de roupas. A mercadoria pretende comprar em Santa Cruz do Capibaribe. Os seus sonhos não são mais de um homem do campo.

Apesar de muitos estarem insatisfeitos com a demora e os valores das indenizações, o medo é maior que a indignação. Temem que processos que tem o objetivo de agilizar o acesso e a luta por seus direitos, possam prejudicar os parentes que trabalham na obra. Mas muitos ainda resistem e afirmam que só saem das suas casas quando receberem aquilo a que têm direito.

22.2.10

Proprietários de terras da PB boicotam obras da transposição do Rio São Francisco

Os proprietários de terras da região de São José de Piranhas e parte de Cajazeiras resolveram boicotar os trabalhos das empreiteiras que realizam as obras do Eixo Norte de Transposição do Rio São Francisco.

O motivo: a falta de pagamento das indenizações aos donos das terras que serão utilizadas para a execução das obras.

De acordo com as informações, desde a última quinta-feira (14), agricultores impedem a entrada de máquinas em suas terras, alegando não terem recebido dinheiro das indenizações. Os operadores de máquinas que realizavam as escavações na região do sítio Morros, em são José de Piranhas, foram obrigados pelos donos de terras a retornarem ao acampamento.

Cerca de 199 famílias ainda não receberam indenizações e vários processos se arrastam na justiça por conta deste problema.

O agricultor Antônio Valdemar de Sousa, que tem sua propriedade no sítio Morros avaliada em R$ 226.126, 20 (duzentos e vinte seis mil cento e vinte e seis reais e vinte centavos), diz que sua terra foi uma das primeiras a serem indenizadas e ainda está à espera do pagamento. “Não entendo porque alguns já receberam todo o pagamento e minha terra que foi uma das primeiras a serem indenizadas ainda está na justiça e eu não recebi nada, não vou deixar máquina alguma entrar em minha terra, só entra se passar por cima de mim”, afirmou.

Na manhã desta segunda-feira (18), vários agricultores se reuniram com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José de Piranhas para procurarem uma saída para o impasse.

Enquanto o caso não é resolvido, a entidade teme haver um conflito maior entre donos de terras e empreiteiras, já que o consórcio de execução da obra ameaça convocar o exército para a desocupação das áreas.

Publicado no ClickPB em 18 de Janeiro de 2010

18.2.10

TERMINA GREVE DOS CAÇAMBEIROS

Diário do Nordeste - Regional Regional TRANSPOSIÇÃO DO SÃO FRANCISCO (10/2/2010)


Os trabalhadores tinham obstruído a passagem na entrada das jazidas. Eles queriam o pagamento dos salários

Ontem, a Polícia retirou as máquinas que estavam obstruindo a passagem dos veículos até as jazidas

Crato. Com a presença da Polícia, que desobstruiu a passagem para a jazidas, terminou a greve do caçambeiros que prestam serviços ao Consórcio Nordestino, que executa as obras de transposição das águas do São Francisco, no lote-6, entre os municípios de Mauriti e Brejo Santo, na região do Cariri. Os proprietários de caçambas estão reivindicando o pagamento dos salários atrasados.

O Consórcio declarou que solicitou a presença da Polícia com o objetivo de manter a ordem e a posse dos bens em função das ameaças dos caçambeiros de queimar as máquinas de propriedade do Consórcio.

"A área jurídica está entrando com ação judicial para manter o direito constitucional do mesmo", afirma o Consórcio, por meio de sua Assessoria de Imprensa. Segundo o Consórcio, ontem, a obra foi totalmente retomada.

A operação da Polícia foi realizada no canteiro. Os policiais utilizaram uma pá mecânica para a retirada das máquinas colocadas pelos caçambeiros na entrada das jazidas, impedindo a passagem de outros veículos.

A iniciativa da Polícia que, segundo os caçambeiros, não apresentou ordem judicial, revoltou os grevistas que contrataram um advogado para resolver o problema na Justiça.

Na semana passada, o Ministério da Integração Nacional, que administra a obra, instalou um sistema de monitoramento para acompanhar o andamento do projeto. De acordo com a assessoria do Ministério, foram instalados monitores no gabinete do ministro Giddel Vieira e na sala do presidente, Luiz Inácio da Silva. Também foi disponibilizado um sistema de informações para que o contribuinte acompanhe o andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

GREVE PARALISA OBRAS DA TRANSPOSIÇÃO

Diário do Nordeste - Regional Regional RIO SÃO FRANCISCO (6/2/2010)


NO CANTEIRO DE OBRAS, em Mauriti, os 40 caçambeiros pararam de fazer o carregamento de areia. Caso a falta de pagamento persista, o cronograma da obra pode atrasar



Ontem de manhã, começou nova paralisação de caçambeiros nas obras da transposição

Mauriti Mais uma vez, foram paralisadas as obras de construção do canal de transposição das águas do São Francisco, no lote-6, entre Mauriti e Brejo Santo. Os 40 caçambeiros que prestam serviços ao Consórcio Nordestino, formado pelas construtoras EIT, Delta e Getel, que administra a obra, entraram em greve. Eles argumentam que não estão recebendo o pagamento e que o consórcio não está cumprindo o acordo feito, no mês de dezembro, para pagar os vencimentos atrasados. Segundo afirmam, o valor está em torno de R$ 3 milhões.


"Dos 85 caminhões e máquinas que trabalhavam no lote-6 restam apenas 40", diz o terceirizado José Maurício Porto Júnior, proprietário de quatro máquinas, esclarecendo que os outros pediram desligamento por falta de pagamento. Ele garante que só volta ao trabalho quando for assinado outro acordo com a presença de um representante do Ministério da Integração Nacional. Além da greve, os manifestantes fecharam os acessos para as jazidas com o objetivo de impedir o acesso de veículos.


Por enquanto, as máquinas do consórcio ainda estão operando no trecho de 40 quilômetros, espalhando terra e retirando pedras. "No entanto, se a greve tiver continuidade, a paralisação será total", afirma um dos operários, que prefere não ser identificado. Esta é a segunda paralisação que ocorre no lote-6. No mês de dezembro, os caçambeiros cruzaram os braços durante cinco dias em protesto contra a falta de pagamento. Na oportunidade, a culpa foi colocada na Tenit Terrapalagem de Locação, uma construtora terceirizada que sublocou parte das obras.


Entre os caçambeiros, a revolta é geral. Eles dizem que estão cansados de esperar. O caçambeiro Ricardo Artur Pereira esclarece que, anteriormente, prestavam serviços à Tenit, empresa que foi desligada da obra. Agora, o contrato foi feito diretamente com o consócio, mas o pagamento continua em atraso. Os manifestantes afirmam que está havendo um descompasso entre a medição feita pelo consórcio e os números apresentados pelos terceirizados.


O maranhense Sami Cosme Araújo, que representa outros caçambeiros do Rio de Janeiro, engrossa a lista de críticas ao Consórcio, dizendo que eles pagaram apenas 10% do que foi acordado no fim do ano passado, depois que um representante do Ministério da Integração Nacional esteve no canteiro de obras em Mauriti.


O gestor do contrato do Consórcio Nordestino, Lamarque de Melo Oliveira, disse que as reivindicações são exclusivamente dos empreiteiros credores da Tenit. "Portanto, o Consórcio Nordestino reafirma que todos os compromissos do contrato com a Tenit foram honrados e que, no momento, o contrato com a empresa está rescindido", afirma, acrescentando que a decisão foi tomada pelo Consórcio, mesmo acarretando prejuízo de cerca de R$ 600 mil para o mesmo. Completa que os representantes do Consórcio estão tomando todas as providências para que não aconteça qualquer tipo de paralisação.

2.2.10

Indígenas do Nordeste denunciam violências da Transposição na Europa

Uma delegação dos povos indígenas do Nordeste tem viajado pela Europa para denunciar as violências e as violações de seus direitos decorrentes do projeto da Transposição do rio São Francisco. A delegação já passou pela Itália e continua viagem pela Suíça, Bélgica e Alemanha, entre os dias 24 de janeiro e 8 de fevereiro de 2010.

O projeto da Transposição das águas do rio São Francisco tem um impacto socioambiental devastador sobre 33 povos indígenas da região e sobre inúmeras comunidades quilombolas, tradicionais e ribeirinhas. Contrário à Constituição Brasileira, e a tratados internacionais como a convenção 169 da OIT e a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas da ONU, estas comunidades não foram informadas, consultadas ou ouvidas acerca do empreendimento.

A delegação indígena apresentará as denúncias junto aos órgãos internacionais em defesa dos direitos humanos, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Internacional de Trabalho (OIT), os governos europeus, o Parlamento Européia e sociedade civil européia.


Objetivo da viagem

O objetivo da viagem é chamar a atenção do Supremo Tribunal Federal, para que julgue as ações pendentes referentes à Transposição, que denunciam as inúmeras irregularidades do projeto e que inclusive questionam se a obra seja de acordo com a Constituição. Até julgar estas ações, o STF deveria mandar parar as obras imediatamente.

Para alcançar este objetivo, a delegação terá audiências com representantes da ONU – particularmente com os relatores especiais de direitos humanos –, da Organização Internacional de Trabalho (OIT) e do Parlamento Européia e entidades da sociedade civil e com a imprensa européia. Haverão, ainda, vários encontros, atividades e debates nas diversas cidades.

Na viagem será divulgado ainda o “Relatório de denuncia: Povos Indígenas do Nordeste impactados pela Transposição do Rio São Francisco" (baixe o relatório)

As etapas previstas são: Roma, Udine, Bolzano na Itália, Genebra na Suíça (onde se encontram a ONU e a OIT), Bruxelas na Bélgica (Parlamento Europeu) e Paris na França.


Membros da delegação

Os representantes da delegação são:

· Manoel Uilton dos Santos, liderança do povo indígena Tuxà e coordenador geral da Articulação dos Povos e das Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme)

· Edilene Bezerra Pajeù, liderança do povo indígena Trukà, professora indígena e membro da Comissão dos Professores Indígenas de Pernambuco (Copipe) e da Comissão Nacional dos Professores Indígenas

· Saulo Ferreira Feitosa, membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) desde 1983 e membro titular da Comissão Brasileira de Justiça e Paz dos Bispos Brasileiros

22.12.09

Mensagem de fim de ano da Articulação Popular São Francisco Vivo

O ano de 2009 foi marcado por momentos importantes para a Articulação Popular do São Francisco. Três deles merecem ser lembrados: o II Encontro Popular da Bacia (agosto), a criação do site da Articulação Popular do São Francisco e o Mutirão das Águas, atividade realizada ao final do mês de novembro.

Inspirados nesses três momentos, é que apresentamos a nossa mensagem de fim de ano ao nosso leitor/ativista. A imagem logo abaixo, é uma montagem de duas fotos tiradas durante o Mutirão das Águas, na cidade de Mauriti (CE). Inspirem-se e mantenham firme a esperança, assim como a que presenciamos em todos os que encontramos pelos caminhos do Mutirão.

Boas Festas!!!