22.2.10

Proprietários de terras da PB boicotam obras da transposição do Rio São Francisco

Os proprietários de terras da região de São José de Piranhas e parte de Cajazeiras resolveram boicotar os trabalhos das empreiteiras que realizam as obras do Eixo Norte de Transposição do Rio São Francisco.

O motivo: a falta de pagamento das indenizações aos donos das terras que serão utilizadas para a execução das obras.

De acordo com as informações, desde a última quinta-feira (14), agricultores impedem a entrada de máquinas em suas terras, alegando não terem recebido dinheiro das indenizações. Os operadores de máquinas que realizavam as escavações na região do sítio Morros, em são José de Piranhas, foram obrigados pelos donos de terras a retornarem ao acampamento.

Cerca de 199 famílias ainda não receberam indenizações e vários processos se arrastam na justiça por conta deste problema.

O agricultor Antônio Valdemar de Sousa, que tem sua propriedade no sítio Morros avaliada em R$ 226.126, 20 (duzentos e vinte seis mil cento e vinte e seis reais e vinte centavos), diz que sua terra foi uma das primeiras a serem indenizadas e ainda está à espera do pagamento. “Não entendo porque alguns já receberam todo o pagamento e minha terra que foi uma das primeiras a serem indenizadas ainda está na justiça e eu não recebi nada, não vou deixar máquina alguma entrar em minha terra, só entra se passar por cima de mim”, afirmou.

Na manhã desta segunda-feira (18), vários agricultores se reuniram com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José de Piranhas para procurarem uma saída para o impasse.

Enquanto o caso não é resolvido, a entidade teme haver um conflito maior entre donos de terras e empreiteiras, já que o consórcio de execução da obra ameaça convocar o exército para a desocupação das áreas.

Publicado no ClickPB em 18 de Janeiro de 2010

Um comentário:

Arnaldo Almeida disse...

À Margem
Arnaldo Almeida & Ray Gouveia

A tela inteira se revela
Mandacaru, pedra e corisco
À margem rasa do futuro
Um rio deságua em São Francisco
E o fio que dele se desdobra
Cortado à faca, em planta baixa
Debaixo das narinas tontas
A trama toda se encaixa
Dos interesses dos padrinhos
Na rede dos favorecidos
Na força oculta pelas marcas
Dos mil carimbos abatidos
São os quereres indomáveis
E os pareceres sem valia
Uma carranca lança um grito
Que vai de Minas à Bahia

Uma carranca nada pode
De cara feia a fome impera
E mesmo assim, cortada à faca
A fonte seca, na quimera
Quisera os homens que decidem
Quisessem ver além do risco
Pelos quereres do futuro
Um rio deságua em São Francisco