No povoado Valdemar Siqueira, no município de Sertânia, em Pernambuco, transeuntes costumam ser barrados por um fiscal do consórcio que está responsável pela Construção de um dos canais da Transposição do rio São Francisco. O motivo são as explosões das obras, que acontecem em horários marcados.
Entre os carros parados estava o de uma das empresas terceirizadas da obra. O funcionário, motorista da caçamba, relata que há pouco tempo trabalhou para EIT na Transnordestina, a farda da empresa citada ainda estava sendo usada por ele. Depois trabalhou nas rodovias de Ingazeira e agora estava nas obras da Transposição. Em tão pouco tempo já passara por várias obras e várias empresas como um empregado temporário. Após meia hora de espera sob o forte sol do sertão, a passagem foi liberada.
Em Rio da Barra mora D. Laurinda, que morava de aluguel no povoado e estava a espera de receber a indenização de suas terras. Angustiada ela nos disse que se arrependia de ter saído de sua casa. “Se antes tivesse alguém que me apoiasse não teria saído, teriam que me colocar pra fora a força, e o exército teria coragem de fazer isso, não respeita ninguém”. Dona Laurinda morava no sítio Chique-Chique, uma das comunidades atingidas pelo projeto. Da comunidade Chique-Chique apenas três famílias receberam indenização.
Antônio Velho está entre eles. Com o dinheiro comprou uma casa no povoado Rio da Barra, mas deseja vender o imóvel e partir pra morar em Custódia. No momento espera receber outra parte das terras do irmão dele que faleceu.
Seu Pedro Serafim, conhecido como Pedro Ruim, com muito ânimo nos falou que estava esperando a indenização e que tinha conseguido uma mulher. Alugou uma casa em Monteiro (PB) e espera a indenização para comprar uma casa por lá e colocar uma loja de roupas. A mercadoria pretende comprar em Santa Cruz do Capibaribe. Os seus sonhos não são mais de um homem do campo.
Apesar de muitos estarem insatisfeitos com a demora e os valores das indenizações, o medo é maior que a indignação. Temem que processos que tem o objetivo de agilizar o acesso e a luta por seus direitos, possam prejudicar os parentes que trabalham na obra. Mas muitos ainda resistem e afirmam que só saem das suas casas quando receberem aquilo a que têm direito.
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