8.11.10

Moradores do Pajeú temem construção de fábrica de cimento

As famílias da comunidade de Santa Rosa, no município de Carnaíba (PE), estão sendo ameaçadas por mais um grande empreendimento na região. A construção de uma unidade produtora de cimento, antes de cumprir com as promessas de emprego, tem deixado muitos dos moradores insatisfeitos e preocupados.

No rastro das grandes obras que estão previstas e em construção na área, como o canal do Sertão, a tomada de água do canal da Transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina, a fábrica tem a intenção de suprir a demanda de cimento prevista para os empreendimentos, mas já assusta pela maneira como tem sido implantada.

“O povo acha essa firma esquisita, até agora não conversou com ninguém, só sabemos que vamos ter que sair. A secretaria de agricultura de Carnaíba já veio avisar”, lamenta Maria de Lourdes, moradora do sítio Santa Rosa. Ela conta também que o primo dela já foi indenizado. “O preço das terras dele foi R$16 mil, mas até agora só entregaram um cheque no valor de R$5 mil, que ele não quis receber”. Ela conta também que os trabalhos ainda não foram iniciados no lugar onde reside e estão restritos apenas ao canteiro de obras, onde já foram furados três poços para abastecimento de água. “Meu pai está com 72 anos. Nasceu e viveu aqui e agora tem que deixar essa terra?”, questiona.

Como Maria de Lourdes, as pessoas do povoado de Santa Rosa estão assustadas e desanimadas. Acreditam que nada pode ser feito para conter a exploração dos minérios. Os danos que podem ser causados ao meio ambiente também são ignorados.

A grande quantidade de água demandada por uma fábrica de cimento é um dos principais problemas causados pela extração de minérios. Devido a esse motivo há especulações de que a adutora que está sendo concluída em Carnaíba tem a intenção de suprir essa necessidade. Já para a grande quantidade de energia que será necessária para a produção ainda não há conhecimento sobre qual será a fonte.

A fábrica

Apesar de até o momento nenhum documento ter sido assinado, já há especulações sobre os valores das transações. Com investimento inicial de R$ 25 milhões, a fábrica terá uma unidade em Afogados da Ingazeira e a expectativa de uma produção estimada de 2,5 milhões de sacos de cimento por ano, extraídos de uma jazida de calcário estimada em 53 milhões de toneladas. A expectativa de faturamento anual é de R$ 30 milhões.

Em Carnaíba, Flores e Solidão será extraído o calcário para a produção de cimento que vai ser processado na Fábrica em Afogados da Ingazeira. O Calcário é um produto mineral extraído de rochas sedimentares que contêm minerais com quantidades acima de 30% de carbonato de cálcio. É utilizado principalmente na produção de cimento, cal e giz, fundente em metalurgia, fabricação de vidro, pedra ornamental dentre outras utilidades.


Denis Venceslau - CPT Pajeú (PE)

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