Na região de Monteiro (PB), cidade onde cerca de 27 mil pessoas encontram a maior fonte de renda na agricultura e no comércio, vive seu Francisco Bezerra da Silva, também conhecido como Chico do Caldeirão, por ter nascido no sítio Caldeirão, município de Sertânia (PE), há 84 anos.
As estradas por onde percorrem os carros do DNOCS (Departamento Nacional de Obras contra as Secas) e os caminhões de detritos (pedras) descavados do solo sertanejo passam em frente à casa de seu Francisco, deixando, dia e noite, um rastro de poeira. Segundo ele, era para a estrada passar na propriedade de outra pessoa que, por não ter sido indenizada, impediu que essa idéia se concretizasse. Seu Francisco permitiu que os técnicos fizessem a estrada, sem que recebesse nada por isso... “Deixei, deixei, para trazer água...”, disse Francisco.
O certo é que seu Francisco, que carregou água para criar seus oito filhos, vê na concretização do projeto a única possibilidade de mudar a situação crônica de escassez. Mas ele não sabe como a água vai chegar. E, mesmo com a expectativa de quem sente, dia e noite, a poeira do movimento das máquinas, acredita que não vai alcançar o fim da jornada de trabalho dos operários da transposição. Por sinal, segundo ele, as obras não atraíram trabalhadores locais. Nenhum dos sete filhos vivos de Chico do Caldeirão está empregado no “Projeto de Integração do São Francisco”.
“PISF Lote 12”. É assim que uma placa indica o local onde serão construídas 130 casas, na antiga fazenda Boa Vista, futura “Vila Produtiva Rural Salão Sertânia”. De imediato, segundo o mestre de obras Paulo Sousa Melo, serão levantadas 35 casas. Com o mapa da Vila na cabeça, ele sabe apontar “o campo de futebol ali, o posto de saúde acolá, o colégio lá na frente, os poços artesianos...”.
Mesmo tendo como endereço a beira do Eixo Leste do Projeto de Transposição, as 130 casas, de seis cômodos e alpendre, serão abastecidas com dois poços artesianos. Um morador antigo da fazenda se recusou a sair, até que lhe seja entregue a sua futura casa na Vila. Paulo Sousa Melo acha uma “besteira”, e já se prepara para iniciar a construção da “sapata” (alicerce das 35 primeiras casas). Só falta chegar o cimento. No total, a previsão é que sejam construídas 400 casas no Eixo Leste.
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