Após um período de silêncio, tanto do Governo Federal como da mídia, a Transposição do Rio São Francisco volta a ser pauta dos debates na sociedade.
Recentemente, o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco chegou a um acordo sobre os valores da água captada na Transposição. A água que está destinada para uso produtivo custará o dobro da de uso humano, o que vai encarecer a água do eixo norte, que é de maior volume e voltada para irrigação agrícola, criação de camarão e indústrias.
O Ministério da Integração Nacional, responsável pela obra, anunciou a proposta de criação da ANS (Águas do Nordeste Setentrional), nome provisório do operador do sistema hídrico criado com a Transposição. A ANS será formada pelo Governo Federal e estados receptores (Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco), deixando de fora os estados doadores das águas.
Dessa forma, a ANS gerenciará o mercado das águas – as transpostas e as outras –, definindo os usos e preços da água. Assim, os altos custos da água serão distribuídos entre todos os usuários, como funciona no sistema elétrico. Ou seja, a população subsidiará o uso empresarial da água.
Em informação divulgada este mês, a ANA (Agência Nacional de Águas) advertiu que a Transposição não vai resolver todos os problemas do semiárido e que os estados receptores ainda não estão preparados para a obra.
“Esse é um grande desafio que precisa ser enfrentado. Existem obras complementares à transposição que precisam ser feitas nos Estados, pois, sem isso, sem um sistema de gestão, corremos o risco de não fazer o uso eficiente dessa água [da transposição]”, alerta o diretor-presidente da ANA, José Machado.
Outro fator preocupante é que os municípios que realmente precisam de políticas de acesso e distribuição de água não serão atendidos pela obra. "Não adianta ter abundância de água se você não sabe lidar com ela", diz o diretor-presidente da agência de águas.
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